Golpe turco?
A Turquia entrega ao mundo um novo recado, talvez não.
O
poder no mundo está com medo; medo de perceber-se sem poder; medo de descobrir-se
sem seguidores, reafirmam-se e instauram o medo. O poder recorre a suas velhas
artimanhas, mortas, no entanto, que ainda ressoam aos primatas.
O poder de governar um corpo ilegítima qualquer força de
organização entre indivíduos; que não precisam de líderes. Clamar ao povo,
incitando sua percepção de pertencimento a uma origem é démodé; chamar o povo
às ruas para barrar um movimento nefasto e egoísta é pobre, mas ainda funciona.
Homens às ruas. Cadê as mulheres? Homens são as expressões
mais primitivas de que se tem relato; tentam se reafirmar - síndrome do
super-herói. Entrega a sua vida ao e para o nada. Homem é bruto, não nasceu para
viver, mas para entregar-se as suas vaidades mesquinhas e narcisistas. Homens,
causa maior de todos os males; vê-se sempre plural, narra-se na terceira
pessoal do singular, não se vê. A culpa, no entanto, está na terceira do
plural. São eles, a causa do mal.
O mundo se distraí, a vida passa; os movimentos se retraem,
a vida passa; enquanto os quadros narram o que não lhe faz sentido; a música
toca, enquanto ele corre e não percebe o soar da melodia, que pulsa nele como o seu respirar.
Pintar o chão de vermelho é a própria expressão de sua morte
declarada e consentida, mas que ainda respira. Esse chão vermelho não importa se sangue
ou bandeira – nação amada (explica-me o por quê). Ambas são faces sedutoras, como o canto da sereia,
que o aprisiona à síndrome de super-herói, prende-os aos seus vícios primitivos
de uma vida sem espelho, com janelas abertas e televisores no noticiário. São expectadores da
vida alheia, enquanto esquecem que se esvaem. Homens.
Mulheres choram, se tocam. Não precisam deles, mas os quer ajudar.
Homem quer sentir o outro; pensa estar ajudando. Homem destrói, no singular; já
a mulher cria, sente, constrói e reconstrói; é pluralizada.
Não se engane que o povo (leia-se homem) governa, simplesmente, por barrar a
fisionomia retrógrada do mal, da idade das trevas, pois o que mais gosta em sua
liberdade é fazer parte de algo que trabalha para o aprisionar.
Oh, mundo, dê jeito!
Tá bom, agora troque de música, coloque Miles; dê cor
rubra à taça.
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